Danilo Gentili defende performance do MAM e a compara com seu novo filme: “tem que ter liberdade para fazer o que quiser”

  • Por Jovem Pan
  • 10/10/2017 14h18
Johnny Drum/ Jovem Pan

A mostra Queermuseu, cancelada no Santander Cultural de Porto Alegre, e a performance La Bête, realizada por um artista nu no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, causaram polêmica no último mês – e provavelmente você se lembra disso. Em meio às críticas (e elogios) que elas receberam da sociedade, diversos artistas se uniram para condenar a censura da arte no país. Caetano Veloso, Fernanda Montenegro e Letícia Sabatella, por exemplo. E agora Danilo Gentili. Mas, embora o humorista defenda essas e quaisquer outras expressões, ele diz não concordar com a linha de pensamento do grupo.

“O que aponto aqui é a indignação seletiva. Saiu uma entrevista na Folha de S. Paulo em que o jornalista está indignado com uma cena do meu filme. E olha que quem comete o ato em questão é o vilão, não falamos ali que pedofilia é legal (…). As pessoas não podem ser retardadas e achar que vida real é a mesma coisa que filme. Só que esse jornalista é o mesmo cara que defende a exposição. Acho que todo mundo tem que ter liberdade de fazer o que quiser, seja a exposição ou o filme. Vai quem quer e assiste quem quer. Ninguém é obrigado. Tenho problema só com o ‘chilique’ seletivo. O cara defende a exposição, mas critica o meu filme? No Brasil, o que interessa é quem faz, não o que faz. Por que tem dois pesos e duas medidas?”, questionou ao Pânico na Rádio nesta terça-feira (10).

“Eu já recebi moção de censura de senador e deputado, teve político que quase me mandou embora de meus trabalhos, entrei na lista negra que governa o país, foram na porta do meu bar apedrejar e picharam lá dentro… E esse povo nunca apareceu para falar que estavam me censurando. Eles se ‘transvestem’ a favor da liberdade, mas  é uma agenda política”, completou.

O filme a que o convidado se referiu é Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola. Os protagonistas ao lado do próprio comediante são os jovens estreantes Bruno Munhoz e Daniel Pimentel. O elenco tem ainda Joana Fomm, Moacyr Franco, Fábio Porchat, Raul Gazolla, Rogério Skylab e Carlos Villagrán, mexicano mundialmente conhecido por ter interpretado o garoto Quico no seriado Chaves. A produção será lançada nos cinemas na próxima quinta-feira (12).

“O filme é assim: os dois meninos estudam em uma escola que sempre foi chata, como qualquer outra, e está ficando mais ainda ao adotar políticas ‘politicamente corretas’. Não pode mais comer coxinha, não pode praticar bullying… São da ‘geração Nutella’. E eles encontram o diário de um ex-aluno que estudou ali nos anos 1980 e decidem ir atrás do cara achando que ele pode ensiná-los a passar de ano sem precisar estudar. Aí começa a Guerra Fria. Meu personagem usa os meninos para ferrar a escola”, explicou.

E esse diário citado na trama existe de verdade. Trata-se do livro homônimo do humorista, obra que  mostra desenhos feitos a mão e relatos pessoais de quando  era estudante – e, segundo ele, “péssimo de comportamento”. Ele será relançado em uma noite de autógrafos nesta terça na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

Outros detalhes do longa-metragem, seus próximos trabalhos no cinema e na televisão, seu relacionamento com Rafinha Bastos, uma polêmica envolvendo o filho de Fábio Assunção e a perda de seu pai, recentemente revelada ao canal do YouTube da jornalista Leda Nagle, foram outros assuntos do programa.

“Como superei? Muita droga. Minha mãe usou também. Brincadeira, não tem o que fazer. Não tem escolha, você só pode superar. Não pode parar. E fé em Deus. Acredito mesmo nisso. Sou muito grato a Deus por tudo. Não posso me vitimizar, a chuva cai em justos e injustos. O pai de todo mundo morre. Coisas ruins e boas acontecem para todo mundo. Eu me ajoelho no meu quarto e oro. Fora dali, trabalho como se ele não existisse (risos)”, concluiu.

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