Após conflito com Temer, PC Siqueira diz estar em “fase zen”: “queimei meu filme pela política”

  • Por Jovem Pan
  • 20/02/2018 14h23
Johnny Drum/Jovem Pan Youtuber foi o convidado do programa desta terça-feira (20)

Com mais de 2 milhões de inscritos em seu canal maspoxavida, PC Siqueira é hoje um dos maiores youtubers do Brasil. Em seus vídeos, costuma contar histórias cotidianas, falar sobre assuntos divertidos e até propor debates sobre questões mais complexas da atualidade. Mas não mais sobre política partidária, já que suas fortes opiniões o fizeram perder praticamente metade de seus seguidores nos últimos anos – sendo que uma parcela mais revoltada desses passou a persegui-lo. É o que contou em entrevista ao Pânico na Rádio nesta terça-feira (20).

“A internet é um fluxo de informação infinito. Tem vários momentos em que você fala ‘deixa eu fazer isso porque tal pessoa fez e deu certo’. Mas às vezes ter personalidade é nadar contra a maré. Quando comecei a dar pitaco sobre alguns assuntos, discutir era legal. Só que não é mais. Eu queimei muito meu filme porque falei muito sobre política. E me arrependo. Não vale a pena. O rolo compressor passa em cima. No fim das contas, dividi meu público em 50%. Perdi metade. E as pessoas não simplesmente pararam de ver, elas ficaram com raiva”, disse. “Acho que insisti mais do que devia. Tive tesão de bater de frente. Não vi que isso estava me prejudicando”.

A declaração de PC vem depois do aparecimento de uma grande polêmica envolvendo ele e o governo de Michel Temer. No final de janeiro, assim como aconteceu com diversos apresentadores, artistas e influenciadores digitais, ele foi convidado a fazer propaganda sobre a Reforma da Previdência em suas redes. Em troca, obviamente, receberia um cachê. Acontece que, por discordar das medidas da presidência, não aceitou.

“Seria um ‘job’ como qualquer outro. Só que não dá, né. Nunca aceitei dinheiro de político. É dinheiro sujo. Seria assinar embaixo. Literalmente, com contrato e tudo (risos). Meu serviço é não me envolver com golpista. Com a política, acho melhor fazer as coisas de graça por questão de idealismo. Outra coisa, a galera está começando a me associar muito com política. Tem gente que nem sabia que eu fazia vídeo e achou que eu trabalhava com política. Isso me trouxe problemas psicológicos, atraiu pessoas ruins que me perseguem até hoje. Percebi que estou no meio de um monte de gente suja, não quero mais. Quero dinheiro do meu trabalho só. Não quero usar minha influência para pegar pauta dos outros. Acho que foi ingenuidade deles, do pessoal do governo federal. Do marketing ou sei lá de qual área. Eles atiraram para todos os lados”, contou.

Outra confusão similar aconteceu recentemente entre o youtuber e mais uma figura controversa de Brasília, o deputado Marco Feliciano. Há pouco mais de um mês, eles trocaram uma série de acusações por meio de postagens no Twitter. “Você mente mais que o diabo, Marco”, escreveu PC em uma delas, recebendo, em seguida, um convite do pastor para uma discussão frente a frente.

“Olha esse pessoal, cara. Já tenho tanto problema para resolver e ainda tenho que debater com o Feliciano? Ah, vai para o inferno. Tenho carta do Serasa chegando em casa, preciso cuidar do meu cachorro… Não tem como ser combativo o tempo todo, ainda mais com essas pessoas. Sou só um cara da internet, por que querem ficar falando comigo? Isso é falta de chupar uma r***”, afirmou, desculpando-se logo em seguida. “Espera, vou pedir desculpa para ele não me processar. Sei que o senhor não é gay, pastor. Desculpa. Não vim aqui fazer inimizade. Estou zen. Parei de brigar. Existe uma coisa chamada saúde mental. Nossa energia gasta e não volta mais. Olha o Steve Jobs. Estava tão desgraçado da cabeça que definhou mesmo com acesso aos melhores médicos. Aí o brother maconheiro que mora ali no vão do Masp vive 90 anos de boa”, brincou.

Além de maspoxavida, o jovem comanda o podcast Papo Torto, que pode ser encontrado no Spotify, e os canais Rolê Gourmet, em que se aventura na cozinha ao lado do amigo Otávio Albuquerque, e Ilha de Barbados, divertida roda de discussões com Cauê Moura e Rafinha Bastos. E olha que ser bem-humorado não foi sempre uma tarefa simples para ele. Anos atrás, PC enfrentou problemas graves de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e alcoolismo, tópicos também discutidos durante sua participação na bancada.

“O chato é que fica um estigma. É como se eu estivesse sempre à beira do suicídio. Ser uma figura pública pode prejudicar. Por um lado é bom por que falo abertamente sobre isso. Quando eu tive essas questões, ninguém me dava um norte para eu não me sentir tão sozinho. A galera achava que eu estava louco e era frescura. Por outro lado, você fica atrelado. As pessoas acham que sou extremamente triste o tempo todo”, disse.  “Estou bem agora. Na época, meu problema maior foi o álcool. Eu não gostava de beber, gostava de ficar bêbado. Começava já de manhã com uma dose de vodca. Tem um ano da minha vida que eu me lembro mais ou menos. Morro de vergonha. É que não tem como viver nessa sociedade doente e não ‘se quebrar’ nem um pouquinho. Todo mundo tem um escapismo. Eu sou o mais escapista possível. Sempre que possível, escapo da realidade. Queria que a realidade fosse mais legal a ponto de não precisar escapar”, concluiu.

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